segunda-feira, 5 de junho de 2023

Ligação

Desde aquela sua primeira ligação, com hora marcada, eu já queria te ouvir de novo. Mesmo nem gostando tanto de ligações… E então te vi, ouvi e senti pessoalmente. Desde a segunda, passei a querer que viesse a terceira. 

E desde então meus dias amanhecem na ansiedade das tuas ligações. Das tuas mensagens me dizendo que vai me ligar. Da tua voz querendo me ouvir e saber como foi meu dia.


Um dia sem a sua ligação é como um dia de chuva no verão, é como ter que ir ao trabalho no meio das férias. Não faz o menor sentido e estraga toda a programação.


Até que chegou o dia que você não me perguntou que horas eu ia poder atender. Chegou o dia que não veio o seu bom dia. E o dia que o nosso reencontro deixou de ser uma esperança. 


Me parece errado em tantos níveis eu te reencontrar…

Mas quando dá 11h, meio-dia, 13h, e as horas vão passando sem a nossa ligação, eu sinto falta. Da sua voz, de você. Da gente!


E penso eu em te ligar. Marco a hora, você me espera. Mas a sensatez me toma, a razão me preenche, e o suspiro do meu desejo se esvai de mim lentamente, hora a hora sem a nossa ligação. A nossa conexão.


Eu não sei ser metade, meu bem. Ou eu te dou tudo de mim, toda a minha intensidade, e a minha vida; ou nada. Nem mesmo as ligações. Mesmo sendo um tormento - embora passageiro - viver assim. Mas não te quero dividido. Não quero ser só uma ligação no meio da tarde ou um encontro escondido no fim do expediente. Não nasci pra ser coadjuvante, pra ser encontro de meio de semana.


Eu anseio tudo de ti, e principalmente o que há de mais simples e puro. O encontro, a presença, a voz, e as ligações. A poesia! Um café, um sorriso. Um brincar dos seus dedos no meu cabelo.


Mas não te quero dividido. E por isso estou me dividindo dentro de mim, entre a razão e o desejo.



05/06/2023

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